Era eu a convencer-te que gostas de mim
Tu a convenceres-te que não é bem assim
Era eu a mostrar-te o meu lado mais puro
Tu a argumentares os teus inevitáveis
Eras tu a dançares em pleno dia
E eu encostado como quem não vê
Eras tu a falar para esconder a saudade
Eu a esconder o que não se dizia
Afinal, quebrámos os dois
Afinal, quebrámos os dois
Desviando os olhares por sentir a verdade
Juravas a certeza da mentira
Mas sem queimar de mais
Sem querer extinguir o que já se sabia
Eu fugia do toque como do cheiro
Por saber que era o fim da roupa vestida
Que inventara no meio do escuro onde estava
Por ver o desespero na cor que trazias
Afinal, quebrámos os dois
Afinal, quebrámos os dois
Era eu a despir-te do que é pequeno
Tu a puxares-me para um lado mais perto
Onde se contam histórias que nos atam
Ao silêncio dos lábios que nos mata
Eras tu a ficar por não saberes partir
E eu a rezar para que desaparecesses
Era eu a rezar para que ficasses
Tu a ficares enquanto saías
Não nos tocámos enquanto saías
Não nos tocámos enquanto saímos
Não nos tocámos e vamos fugindo
Porque quebrámos como crianças
Afinal, quebrámos os dois
Afinal, quebrámos os dois
É quase pecado que se deixa
Quase pecado que se ignora
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